Nova tecnologia revoluciona sistema air jet



Matéria publicada na revista Textília - edição 76 - maio/ 2010


http://www.textilia.net/_arquivo/revistas_digitais/revista_textilia/ed76/default.html


FIOS FACETADOS A EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE FIAR

O Vortex marca registrada da empresa Murata, pode ser visto como uma revolucionária tecnologia do sistema de fiação, mas também pode ser considerado uma evolução natural dos fios facetados. Os fios facetados são constituídos por um núcleo de fibras descontínuas, tais como algodão, viscose, poliéster e etc., com pouca ou nenhuma torção, envolvidos pelas mesmas fibras em torno da superfície do fio, as quais amarram e sustentam a estrutura (figura 2).





A grande mudança no processo que foi desenvolvida pela empresa Murata, possibilitou melhorar a distribuição das fibras que envolvem e amarram o fio, surge então o sistema Jet Spinning (figura 3), o qual utiliza dois jatos em contra-rotação, que promove um melhor acondicionamento das fibras e captura de suas pontas.



Mesmo com o novo sistema Jet Spinning, não se conseguia uma qualidade satisfatória para fios de títulos mais grossos ou com fibras de tamanhos irregulares (fibras naturais), então o novo sistema Vortex foi desenvolvido para resolver tais questões.
O processo de fiação do fio Vortex consiste na sucção por um bocal das fibras com aplicação de um forte jato de ar, envolvendo as fibras criando um eixo de ar (figura 4), o vácuo criado na base do eixo exerce uma ação de penteado sobre os neps e fibras curtas puxando-as para o interior. A torção é conseguida pelo redemoinho que a forte corrente exerce sobre as fibras externas, antes que o fio seja puxado para ser enrolado.


Com uma elevada velocidade de produção e a eliminação de várias etapas, o processo de fabricação se torna muito produtivo e eficiente. O filatório Vortex dispensa a maçaroqueira, pois é alimentado diretamente pela fita da passadeira, também dispensa a conicaleira, pois oferece recursos para diferentes tipos de enrolamento, que podem ser em cones ou bobinas paralelas. Pode trabalhar a uma velocidade de 450 m/mim (figura 5), que supera em até três vezes mais a fiação Open End (fiação a rotor) e em até vinte vezes a fiação de Anel.


Além da empresa Murata existem outras que também oferecem máquinas com sistemas similares de fiação a jato de ar, como por exemplo, as empresas Rieter, Toray, Howa entre outras.
Qualidades nobres para esse fio é o que não faltam. Em malharia é notável a grande uniformidade do fio, deixando a malha muito mais lisa, macia e brilhante. O mesmo serve para a tecelagem plana, onde o fio fica mais amarrado e pode dar muito mais conforto ao toque, brilho e maciez do tecido.
Esta técnica de fiação proporciona um fio de baixa pilosidade, pois o sistema prende as pontas das fibras dentro do próprio fio (figura 6). Também distribui melhor as fibras em sua extensão, deixando o fio mais uniforme e evitando a formação do pilling.
A menor formação de pilling proporcionada por esse tipo de fio é um dos seus grandes diferenciais. Isso se da pela disposição das pontas das fibras que ficam presas no interior do fio, não enroscando nas bolinhas e não formando o pilling. No gráfico (figura 7) observamos o seu melhor desempenho, em vários artigos comparados aos fios Open End e Anel.


Com essa estrutura, onde as fibras do seu núcleo estão paralelizadas e sem torção, o fio fica muito flexível, o que contribui para um toque macio e o aumento do brilho, mesmo quando comparado aos fios de outros processos, Open End e Anel.
Os fios Open End apresentam uma disposição das fibras muito emaranhada e irregular, o que confere a ele um toque áspero. Se forem menos torcidos os fios de anel apresentam um toque mais macio, porém a redução de sua torção implica em uma menor resistência e mesmo assim não se igualam aos fios facetados. A estrutura de fibras paralelas também facilita a passagem do fluxo de banho durante o tingimento, o que ajuda muito em sua igualização da cor. Essa característica também confere ao fio uma maior velocidade de absorção de água, pois o formato solto e em paralelo das fibras conduz a água mais rápido em seu interior, tornando o tecido mais eficiente na evaporação do suor e consequentemente mais agradável em contato com a pele.
A estrutura do fio faceado deixa as fibras bem presas e amarradas, com melhor distribuição e regularidade, proporcionando ao tecido final uma grande resistência à lavagem, pois se torna mais difícil o desprendimento das fibras durante esse processo, quanto menos fibras se soltarem menor será a perda de resistência durante a lavagem.
Como a regularidade do fio é maior e sua pilosidade menor, quando comparadas aos fios Open End e Anel, temos um melhor desempenho no processo de tecimento, tanto na malharia como na tecelagem, onde há uma menor formação de pó (fibras voláteis que se desprendem do fio) que reduz muito a contaminação das máquinas e dos tecidos.
Um ponto chave para a malharia circular é a estabilidade dimensional, como o próprio processo circular gera uma força residual e faz à malha se enviesar, a torção do fio ajuda a aumentar essa força e torna esse problema ainda mais grave, como no fio faceado a torção e superficial ao fio, ele não acumula a força residual como os outros, o que o torna excelente para essa aplicação, no gráfico (figura 8) podemos observar o melhor desempenho quando comparado ao fio de Anel.



Atualmente no Brasil os fios facetados são vistos como diferenciados e nobres, por isso ainda estão sendo pouco empregadas fibras naturais e sintéticas nesse processo, prevalecendo o uso de fibras artificiais tais como a Viscose, Lyocel, Modal e etc. Isso torna o fio ainda mais nobre, pois essas fibras possuem muitas qualidades que somadas às qualidades do fio, torna-o muito superior. É de se esperar que com o tempo os fios facetados tomem seu lugar no mercado, aumentando sua participação em todos os seguimentos, visto que suas qualidades possibilitam amplas aplicações e uma excelente aceitação do mercado consumidor, e sua alta produtividade os torna uma boa opção para investimentos.

Referências

1. Gray W. M., “How Murata Vortex North Carolina State University Spinning MVS Makes Yarn” College of Textiles, 2401 Research Drive Proceedings of EFS Conference, Raleigh, NC 27695-8301 U.S.A. Spartanburg, pp. 1-7, (CD-ROM, Cotton Incorporated) 1999.
2. Heuberger O., Ibrahim S.M., & Field N.C., “The Technology of Fasciated Yarns”, Text. Res. J, 41, pp. 768-773, 1971.
3. Dan J. McCreight, Ralph W. Feil, James H. Booterbaugh, and Everett E. Backe, “Short Staple Yarn Manufacturing”
4. Catálogo “Spinning Machine Vortex 861” Murata Machinery, LTD., nº 21P4A2 08-09-2 (NS).
5. Site “Muratec-Murata Machinery” http://www.muratec-vortex.com/1_1.html, 2_2, 2_4.

Comentários

  1. Mario, sua informações foram de grande valia, o uso da Viscose Vortex terá, com certeza, seu lugar no mercado internacional,ainda não entendo os motivos porque estes fios não estão consagrados e sendo usado com mais frequência, seria uma questão facilidade na compra ou de valores?
    Grande abraço e congratulação pelo trabalho.
    Alexandre Aragão
    47 9980 7962

    ResponderExcluir
  2. Mario,

    Parabéns pelas informações, são muito interessantes. Pesquisou muito bem...

    Renan Silverio
    Murata do Brasil
    11 8407-0706

    ResponderExcluir
  3. Parabéns pela simplicidade em explicar o assunto

    Jacson Schmidt

    ResponderExcluir
  4. Muito boa a sua pesquisa.
    Parabéns.
    Agora na produçao o fio VÓRTEX comporta-se diferentemente do que aparece na pesquisa.

    Milton da OPUS
    11 8623-0813

    ResponderExcluir

Postar um comentário