Torçao em Fios Têxteis
A torção dos fios é aplicada para reunir as fibras ou filamentos do fio, a fim de proporcionar resistência ou efeitos, que podem variar dependendo da quantidade de torção aplicada e cada tipo de fio. Para aplicar a torção ao fio é realizado um giro mecânico em torno do seu próprio eixo, isso reúne as fibras ou filamentos, gerando uma coesão entre as fibras, que da mais resistência ao fio e em alguns casos ela é diretamente responsável pela estruturação e sustentação dele.
No caso de fios fiados, onde as fibras são reunidas com a própria torção, ela é essencial para manter a estabilidade do fio, esse sistema é o primeiro sistema de fiação inventado pelo homem. Estimasse que esse processo foi iniciado com o homem torcendo pequenos trechos de fio com as próprias mãos, provavelmente na Ásia, em torno de dois mil anos AC, a roca foi inventada em torno de 500 DC, e foi a primeira forma de mecanizar a torção e agilizar o processo de fiação do algodão.
Atualmente existem diversos sistemas de fiar, diferentes do método de torção, os quais reúnem as fibras com vários métodos diferentes de entrelaçamento, como os processos open end, air jet etc.
Alfa de torção
Na fiação de fios fiados onde a torção é utilizada como formadora do fio, usamos o α (alfa) de torção para determinar quanto de torção será empregada ao fio. Para isso leva-se em conta o título e o comprimento da fibra, também o título final do fio.
No geral utiliza-se os valores abaixo em fiação convencional:
Fios para malharia circular e retilínea = 3,5
Fios para trama de tecelagem = 4,0
Fios para urdume em tecelagem = 4,5
Essa média pode ser aumentada ou diminuída de acordo com o resultado que se deseja no fio. A torção está ligada diretamente a resistência do fio, tanto na resistência à tração quanto a resistência ao atrito, pois a quantidade de torção determina o quanto de coesão terão as fibras do fio.
Porém o excesso de torção causa um efeito contrario na resistência do fio fiado, pois com o aumento da torção, também se aumenta a coesão entre as fibras e essa coesão começa a tencionar as fibras, ao tracionarmos o fio as fibras mais tensionadas absorvem toda a carga da tração e se rompem, esse efeito em cascata se repete fibra a fibra até a ruptura total do fio. Conforme se aumenta a torção e consequentemente a coesão, a tensão gerada nas fibras pode até mesmo rompe-las e se continuar a aumentar a torção, se chega à ruptura do fio.
Com uma torção equilibrada, as fibras estão mais soltas e a tensão aplicada ao fio é distribuída para todas as fibras, que suportam assim a carga em conjunto.
Então existe um ápice na resistência do fio fiado, em um determinado número de torções, na figura ao lado observamos o ponto de equilíbrio onde se consegue o maior resultado na resistência do fio. Nota-se que a coesão continua subindo enquanto a resistência para e depois começa a cair, conforme aumentamos a torção do fio.
Esse efeito não existe nos fios de filamento contínuos, mas existe um efeito parecido que também influencia na resistência, a formação de gavinhas, com o excesso de torção.
Veja como calcular o Alfa de torção na calculadora, clique aqui.
Torção em fios de filamento contínuo
Nos fios de filamentos contínuos o excesso de torção não afeta diretamente na resistência, porém esse excesso pode causar a formação de gavinhas o que pode comprometer a resistência durante o processo de tecimento, pois pode causar atrito e enroscos que podem levar a ruptura do fio.
A torção nos fios de filamento contínuo também aumenta a resistência do fio, assim como no processo de fios fiados, a torção une os filamentos do fio tornando-os mais protegidos. Um único filamento do fio, se estiver solto, pode ser rompido devido ao atrito ou enroscos durante o tecimento, isso pode comprometer todos os outros pois o filamento solto pode se acumular e enroscar durante o tecimento e travar, causando assim a ruptura do fio.
com a torção os filamentos se mantêm unidos e mesmo que um deles se rompa, não fica solto e não causa o problema de enroscos durante os processos.
Retorção em fios fiados
O processo de retorção do fio é realizado, em geral, após o processo de fiação. Tanto nos casos de fios fiados, como nos fios de filamentos contínuos existe uma torção residual oriunda da própria fiação.
Sentido de Torção dos Fios
O sentido da torção, horário ou anti-horário, interfere em muitos aspectos no processo de tecimento, os principais pontos a observarmos seria o sentido de desenrolamento em relação ao sentido de torção, o enviesamento do tecido devido
P e Q = S e Z
Torque
O torque se dá pela energia que é acumulada pelo fio no processo de torção, essa energia é armazenada e liberada se qualquer uma das pontas do fio for solta.
Existem processos que são capazes de fixar a torção ao fio, anulando ou reduzindo o torque do fio. Esses processos podem ser químicos com a adição de gomas ou resinas, também podem ser físicos com a aplicação de temperatura ou através de fricção.
Um dos maiores problemas no manuseio do fio torcido é a formação de gavinhas, as gavinhas são trechos do fio que se enrolam em torno de si mesmo formando um encaracolado que é difícil de se desmanchar.
Quanto maior o número de torções maior é a incidência na formação das gavinhas, ou seja, quanto maior o torque, mais se formam as gavinhas. O processo de fixação da torção reduz ou elimina a formação da gavinha, já que reduz ou elimina o torque do fio.
Falsa torção
Existem vários processos que possibilitam a falsa torção nos fios, a falsa torção é um efeito de torção sem a necessidade de torcer o fio em torno do seu eixo, isso pode se dar por fricção ou por jato de ar, tanto no processo de fiação de fios fiados como no filamento contínuo.
Falsa Torção em Fios de Filamento Contínuo
Texturização por torção
Sobre torção
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