Tingimento de fios 100% Viscose em tubetes perfurados

Como existem vários processos para a produção de um mesmo produto, ou seja não existe processo certo ou errado e sim o mais adequado para cada empresa ou linha de produção, abordarei aqui alguns fatores que podem fazer muita diferença no resultado final do processo.

O principal ponto para se ter um bom resultado nesse tingimento é a preparação do fio, um enrolamento uniforme na densidade correta em todas as peças é fundamental para o sucesso de todo o processo.

1 - Enrolamento

Os fios de viscose possuem características diferentes do fio de algodão, diferenças essas que devem ser levadas em consideração, para conseguir um bom resultado durante o tingimento.

Com as conicaleiras SSM conseguem-se bons resultados devido aos recursos disponíveis, para o controle de enrolamento uniforme, densidade, ângulo de cruzamento e uniformidade das tensões.

Alguns parâmetros para basear esse processo:

Ø Densidade do fio enrolado ao tubete perfurado – 0,32 a 0,38 g/cm³.

Ø Ângulo cruzamento do enrolamento superior a 21 graus.

Ø Peso de fio no tubete perfurado - 800 a 1.000 gramas.

Ø Dureza mínima – 19 Shore D.

Ø Dureza máxima – 23 Shore D.

Quando controlamos a densidade dentro dos limites estipulados, conseguimos manter também a dureza dentro da faixa adequada.

Obs: Não se consegue bons resultados tingindo tubetes com peso superior a 800 gramas.

2 - Preparação/Tingimento

A viscose possui uma característica denominada intumescimento quando submetida ao contato com a água (banho) à temperaturas inferiores a 65ºC, ocorrendo um inchamento das fibras prejudicando a passagem do banho. Esse fato não é tão grave em fios de fibras fiadas, onde existem espaços vazios que facilita o fluxo de banho do tingimento.

Sabemos que nem sempre é possível entrar com o banho a temperatura superiores a 65°C, caso haja condições esta sugestão deve ser seguida.

O diferencial grande de pressão (acima 0,6 Kgf/cm²) causa defeitos na estrutura, tais como, deslizamento das camadas de fios, deformação dos cones, impossibilitando ou dificultando o desenrolamento nas etapas posteriores e também variação na montagem do corante nas paredes externas da estrutura, onde o fio fica mais claro. O melhor seria utilizar um diferencial de pressão (dentro/fora – fora/dentro) inferior a 0,5 Kgf/cm².

Utilizar uma preparação adicionando soda cáustica e um lubrificante, para homogeneizar as zonas cristalinas do fio, eliminar as áreas com bolhas de ar e melhorar a passagem do banho durante o processo. Isso também ajuda a diminuir o diferencial de pressão e consequentemente as possíveis diferenças de tingimento entre as partes de fora, meio e dentro da estrutura de enrolamento do tubete.

3 - Receita utilizada na preparação

Purga:

Ø 2,0 g/l de detergente aniônico não iônico;

Ø 1,0 g/l de lubrificante aniônico;

Ø 3,0 g/l de Soda Caustica 100% ou 6 g/l de soda líquida 50%;

Ø Aquecer o banho até 65°C, para só então, entrar em contato com o fio de rayon;

Ø Aquecer até 75°C e manter a 75 °C por 20 minutos.

Ø Lavar em água a 65°C com 0,3 g/l de ácido acético por 10 minutos e soltar o banho;

Ø Lavar novamente em água 65°C por 10 minutos e soltar o banho.

Ø Iniciar o tingimento.

Os fios de viscose 100% podem serem tintos com corantes reativos ou diretos, usando a formulação indicada pelo fornecedor de corantes.

Auxiliares para tingimento:

Ø 1,0 g/l de complexante de dureza e ferro;

Ø 1,0 g/lde anti redutor;

Ø 20,0 a 65,0 g/l de sulfato de sódio ,dependendo da intensidade de cor desejada e também da quantidade de corantes utilizados.

Ø 5,0 a 20,0 g/l de álcali (Na2CO3 90% + 10% lde NaOH) para fixação (dependendo da cor e da quantidade de corantes utilizados). Para corantes de cor clara e média utilizar somente carbonato de sódio e para corantes de moléculas grandes (cores escuras), para um esgotamento eficiente recomenda-se utilizar NaOH na proporção de 10% do carbonato de sódio dosado.

Ø Acertar pH para 6,5

Temos 2 opções de tingimento:

· Tingimento a 80ºC com corantes reativos Procion HT

Ø Adicionar os corantes a 80ºC e manter por 10 minutos;

Ø Iniciar a dosagem de sulfato de sódio em pelo menos 10 partes num intervalo de 40 minutos;

Ø Manter o banho a 90ºC por 10 minutos;

Ø Dosar a barrilha em 4 partes num intervalo de 15 minutos;

Ø Manter a temperatura a 90ºC por 30 minutos;

Ø Soltar o banho.

· Tingimento a 60ºC com corantes reativos Remazol

Ø Adicionar os corantes a 50ºC e manter a temperatura por 10 minutos;

Ø Subir a temperatura para 60ºC e manter entre 58 a 62ºC durante todo o tempo de tingimento;

Ø Iniciar a dosagem de sulfato de sódio em pelo menos 10 partes num intervalo de 40 minutos;

Ø Manter o banho entre 58 a 62ºC por 10 minutos;

Ø Dosar a barrilha (carbonato de sódio) em 4 partes num intervalo de 15 minutos;

Ø Manter a temperatura entre 58 a 62ºC por 30 minutos;

Ø Soltar o banho.

Lavagens

1ª Lavagem:

Ø Entrar com água a 65°C, para só então, entrar em contato com o fio de viscose

Ø Subir a temperatura até 90ºC e manter por 10 minutos .

Ø Soltar o banho

2ª lavagem :

Ø Entrar com água a 65°C, para só então, entrar em contato com o fio de viscose

Ø Adicionar 1,0 g/l de sulfato de amônio.

Ø Manter a temperatura a 65ºC por 10 minutos;

Ø Soltar o banho.

Obs.: Se houver necessidade de amaciamento com toque “cracant”, deve-se fazer o processo abaixo:

Ø Entrar com água a 60ºC;

Ø Adicionar 1,0 g/l de Lubrificante/ Amaciante;

Ø Manter a temperatura a 60ºC por 20 minutos;

Ø Soltar o banho.

É importante observar o tempo de fluxo do banho, pois ele está relacionado diretamente com a dispersão e distribuição do corante por todo a área do enrolamento do fio.

Veja aqui mais sobre isso: Tempo para a inversão de fluxo do banho no tingimento de fios de viscose